Compulsão Alimentar vs. Comer Emocional: Como entender e lidar com suas emoções
- Psicóloga Carine Mattos
- 24 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Olá, tudo bem? hoje vamos falar sobre alimentação. A alimentação vai além da necessidade física: para muitas pessoas, é uma maneira de lidar com emoções. Comer pode oferecer conforto durante momentos de estresse ou tristeza, mas essa relação emocional com a comida pode se tornar prejudicial, especialmente quando há compulsão alimentar envolvida.

Neste artigo, vamos explorar a diferença entre compulsão alimentar e comer emocional, suas implicações na saúde mental e física, e como lidar com esses comportamentos.
O que é Compulsão Alimentar?
A compulsão alimentar é o ato de consumir grandes quantidades de alimentos em um curto período, acompanhado por uma sensação de perda de controle. Mesmo sem fome, a pessoa continua a comer e geralmente sente culpa ou vergonha após os episódios.
Este transtorno é reconhecido no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como transtorno de compulsão alimentar periódica, definido por episódios frequentes e recorrentes de compulsão, ocorrendo ao menos uma vez por semana durante três meses.
Sinais de Compulsão Alimentar:
Comer muito e rápido;
Falta de controle ao comer;
Comer escondido por vergonha;
Culpa ou depressão após o episódio;
Comer até sentir desconforto físico.
Do ponto de vista psicanalítico, esse comportamento pode refletir conflitos inconscientes, muitas vezes originados na infância. Freud propôs que a compulsão poderia ser uma resposta para aliviar angústias e preencher necessidades emocionais.
O que é Comer Emocional?
Diferente da compulsão alimentar, o comer emocional está relacionado a comer como resposta a sentimentos negativos, como estresse, ansiedade ou tédio. Ao contrário da compulsão alimentar, o comer emocional não envolve necessariamente grande quantidade de alimentos ou perda de controle.
O comer emocional é muitas vezes uma tentativa de buscar alívio temporário, pois certos alimentos, como doces, liberam neurotransmissores que proporcionam prazer imediato.
Sinais de Comer Emocional:
Comer em resposta a emoções, como estresse;
Preferir alimentos de conforto, como doces e carboidratos;
Comer sem fome;
Sentir-se emocionalmente melhor após comer, seguido de culpa.
Com o tempo, esse comportamento pode se tornar um ciclo vicioso, onde a pessoa come para aliviar a tensão, mas sente culpa e perpetua o padrão.
Diferenças entre Compulsão Alimentar e Comer Emocional
Embora ambos envolvam a relação entre emoções e comida, há diferenças significativas:
Característica | Compulsão Alimentar | Comer Emocional |
Quantidade de comida | Grandes quantidades | Menores quantidades |
Sensação de controle | Perda de controle | Algum controle |
Frequência | Regular, ao menos 1x por semana | Ocasional |
Consequências emocionais | Culpa, vergonha, desconforto físico | Alívio temporário, seguido de culpa |
Transtorno diagnosticado | Sim, transtorno alimentar | Não é considerado um transtorno formal |
Enquanto a compulsão alimentar requer tratamento clínico, o comer emocional é um comportamento comum, mas que, se recorrente, também precisa de atenção.
Como Lidar com Compulsão Alimentar e Comer Emocional
Aqui estão algumas estratégias para ajudar a lidar com esses comportamentos:
1. Identifique os Gatilhos Emocionais
Muitas vezes, a compulsão alimentar e o comer emocional são desencadeados por situações ou emoções específicas. Identificar o que desencadeia esses comportamentos é o primeiro passo para controlá-los. Pergunte-se: "O que eu estava sentindo antes de começar a comer?" ou "O que aconteceu antes de eu sentir vontade de comer?"
2. Pratique a Atenção Plena (Mindfulness)
A prática de mindfulness pode ajudar a aumentar a consciência sobre o comportamento alimentar. Ao praticar a atenção plena, você aprende a perceber suas emoções e sensações físicas sem julgá-las, o que pode ajudar a evitar comer automaticamente em resposta às emoções.
3. Estabeleça uma Rotina Alimentar
Manter uma rotina alimentar regular pode ajudar a evitar episódios de compulsão alimentar. Coma refeições balanceadas em intervalos regulares e tente evitar ficar com muita fome, o que pode levar ao consumo excessivo de alimentos.
4. Busque Terapia
Para quem sofre de compulsão alimentar, a terapia pode ser essencial. A psicanálise pode ajudar a explorar os conflitos inconscientes que estão na raiz do comportamento compulsivo, permitindo uma compreensão mais profunda das causas do problema.
5. Substitua o Comer por Outras Atividades
Ao sentir vontade de comer em resposta a emoções, tente substituir o comportamento por outra atividade que proporcione conforto ou distração. Pode ser uma caminhada, ouvir música, praticar yoga ou qualquer outra atividade que ajude a liberar o estresse.
6. Seja Gentil Consigo Mesmo
É importante entender que mudar o comportamento alimentar leva tempo e paciência. Evite se julgar duramente por episódios de comer emocional ou compulsão alimentar. Reconhecer suas dificuldades e perdoar-se são passos importantes no caminho para a recuperação.
Conclusão
Entender a diferença entre compulsão alimentar e comer emocional é o primeiro passo para adotar uma relação mais saudável com a comida. Se o comportamento está prejudicando sua saúde, buscar ajuda profissional é essencial. A terapia pode oferecer insights profundos e ajudar a restaurar o controle sobre suas escolhas alimentares.
Você não está sozinho(a). Agende uma sessão e descubra como a psicanálise pode ajudar a entender melhor suas emoções e comportamento alimentar.
Beijos e até a próxima!
Referências
- CORDÁS, R. Compulsão Alimentar: O que é, Como Tratar e Como Lidar.
- BAYS, J. C. Mindful Eating: A Guide to Rediscovering a Healthy and Joyful Relationship with Food.
Comments